Foto: Reprodução/TV Liberal |
Mais
uma triste página abala a história do Pará. Considerada abusiva e irregular,
devido aos prejuízos à população, a
atual greve dos servidores de saúde em Belém chega ao terceiro dia, com
mais uma polêmica a contar.
Após
aguardar 12 horas por atendimento, Wilson Mendes da Silva (53 anos) faleceu, no
Pronto Socorro Municipal Mário Pinotti (PSM da 14 de março). Vindo de São
Miguel do Guamá, ele não resistiu à gravidade da tuberculose, a qual
enfrentava. Logicamente, o filho Walter Silva, revoltou-se com a situação. Nem
preciso dizer que houve um verdadeiro "Vale A Pena Ver De Novo" com
uma antiga novela: Os servidores dizem que respeitam a lei, realizaram o
atendimento necessário e culpam a infraestrutura do Hospital; a Secretaria
Municipal de Saúde emite uma nota, quem não fede, nem cheira; o povo continua
pagando por um sistema injusto e aterrorizante; prefeitura, calada! Será que há
espaço para o final feliz?
Nesta
quinta-feira (2), a Justiça determinou a suspensão da greve dos servidores de
saúde do Pará. O juiz Marco Antonio Lobo Castelo Branco, da 2ª Vara da Fazenda
de Belém, determinou que os sindicatos devem suspender a greve. Caso contrário,
será aplicada uma multa diária de R$ 10 mil.
O
Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa) informou que só vai se manifestar a
respeito da decisão depois que for notificado oficialmente pela Justiça e que
trabalha com 30% do quadro de funcionários, como exige a lei. Na próxima segunda-feira, às 10h, a categoria se reúne
em assembleia geral para decidir os rumos do movimento.
Já
o Sindicato dos Servidores da Saúde coloca a culpa pela morte na falta de
estrutura do PSM da 14 de Março. “A gestão não instrumentaliza para atender
pacientes graves, na quantidade que deveria. Ele era para estar numa unidade de
grave, mas não tem leito para ele”, disse Carmem Fonseca, coordenadora socioeconômica
do sindicato.
Não
cabe, neste momento, tomar partido e definir quem errou ou quem descumpriu uma
lei ou outra. Mais uma vida se perdeu, como se nada representasse... A quem
culpar? A quem reclamar? A quem pedir socorro? Para quem chorar? A quantos mais
decepcionar e sacrificar?
É
válido citar uma morte para denunciar um sistema público que agoniza há
décadas? É válido culpar uma categoria, que reivindica seus direitos,
garantidos constitucionalmente? De um lado, temos o direito constitucional de
greve, em busca de melhores salários e condições de trabalho; de outro, temos o
código de ética ou juramentos, que garantem cuidar e proteger quem depende dos
profissionais de saúde. Estaríamos preparados, suficientemente, para
compreender o quanto cada cidadão pode ser um pouco responsável por situações
calamitosas, como esta? Estamos aceitando que encontrar um responsável é mais
complexo que parece? Estamos percebendo que, talvez, certas verdades podem doer
demais e preferimos ocultar ou fingir que não existem? Até quando viveremos
afundados na incerteza?
Nenhum comentário:
Postar um comentário