Já começa um novo temporal, após um longo e vazio dia, como
todos anteriormente. Quando eu precisei abrir mão de algo, mais uma vez me
rendi à minha fraqueza, achando que já não era o mesmo.
O mundo parece mais cruel, por cada palavra não dita e cada
sentimento desperdiçado. Nas entrelinhas de tantos fatos, ainda busco uma razão
para entender o que houve de errado e por que vi, bestializado, uma parte de
mim se perder, um mundo que eu via em um reino futurista se perder em um buraco
negro e ser suprimido pela gravidade, em plena cólera. É, aquela mesma! A cólera dos meus dias.
Parecia brincadeira e, por alguns instantes esporádicos, até
comecei a rir, mas a verdade lateja no coração e na mente, escancarando uma dor
inevitável e uma inversão das próprias filosofias já cultivadas. Em pequenos
gestos, ainda alimentei esperanças vagas, cheias de sentimentalismos, inimigas
de razão e sustento. Agora, assim como outros sentam à frente dos espelhos cultuando
um vago narcisismo, sigo aqui desabafando, mas não deixo de olhar para meu
próprio ser e enxergando uma forte verdade.
Apesar de tantos prantos derramados e arrependimentos
tardios, ainda guardo lembranças únicas e são elas que me mantêm firme. Eu sei
que poderia ter mais atitude, um pouco mais de voracidade e muito mais
tranquilidade; deveria ter agarrado cada chance com braços mais fortes e lutado
com armas mais pesadas, mas nem eu mesmo tenho tamanho para me criticar. Fiz o
que pude! Será?
A ausência da tua voz me ensurdece, o peso da tua falta me
emudece, a dor me sufoca e um longo pranto me paralisa. Eu mesmo já não consigo
controlar meus pensamentos que, à batida do meu acelerado coração, trazem à
tona o que me consome me maltrata e me destrói, me faz perder o sono e me faz
desprezar minhas próprias palavras, por serem tão fracas em não conseguir
representar minimamente o que deveras sinto.
Neste frio, neste clima noturno e vazio, com mais uma
pequena tentativa, tento encontrar mais alguma coisa para refletir meus sentimentos
e amenizar minha dor, enquanto te espero, só mais um pouco. Eis!
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