Ed. Companhia das Letras |
Obra de José Murilo de Carvalho, ‘Os
Bestializados: O Rio de Janeiro e a república que não foi’ trata do contexto
histórico do fim da monarquia e o início da chamada "República
Velha", passeando por fatos como a Revolução Sanitária, promovida pelo
médico Oswaldo Cruz.
O nome do livro refere-se ao fato da
população não ter ação direta nos acontecimentos da época e muitos,
praticamente, nem perceberam que houve Proclamação da República, ou seja, o
povo assistiu "bestializado". Com a Constituição de 1891, não dando
obrigatoriedade, ao estado, em fornecer educação ao povo e o direito de voto só
ser dado aos não analfabetos, a grande maioria da população é excluída da
participação na comunidade política. “A República que não foi” nos remete à ideia
de que a proclamação da República não ofereceu mudanças significativas à classe
proletária e, sim, às elites da época, muitas delas, portuguesas.
Com o crescimento demográfico,
doenças como varíola, malária, tuberculose e febre amarela invadiram a então
capital do Brasil, devido principalmente ao aumento da quantidade de cortiços,
cuja higienização costumava ser precária, além de problemas como o desemprego,
a mendicância e as disputas ideológicas entre os já conhecidos liberalismo e
positivismo, juntamente com o socialismo e o anarquismo.
A Revolta da Vacina é discutida de
maneira profunda, mostrando ao leitor a importância da valorização da
cidadania, no âmbito dos valores cívicos da época. A massa resolve se impor e
revelar uma face que esteve oculta por anos.
Em ano eleitoral, ‘Os Bestializados’
é uma leitura de peso e pode evidenciar cidadania e valores humanos que tanto
nos faltam, atualmente. Serve de exemplo para que não deixemos que a política e
a politicagem nos deixem despercebidos dos fatos: A participação do povo é de
vital importância para a tomada de decisões benéficas às massas e, esse
reconhecimento, se dá através de uma leitura agradável e acessível. Mais que
recomendado!
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