Cerca de 150 índios das etnias Juruna, Xirkin e Arara
continuam ocupando o canteiro de obras da usina hidrelétrica de Belo Monte no
rio Xingu, no sudoeste do Pará. Os manifestantes ocupam a ensecadeira, uma
espécie de barragem de terra, localizada no sítio Pimental, distante
aproximadamente 50km do local de construção da usina. A ocupação ocorre desde a
última quinta-feira.
Sem previsão para deixar o local, eles pedem que a Norte
Energia, empresa responsável pela administração da obra, cumpra as condições
impostas pelo Ministério Público Federal para a realização a construção da UHE,
como a demarcação e regularização das terras dos índios, a construção de
estradas para as aldeias e a distribuição de suprimentos, além, é claro, do
cumprimento das condicionantes, sobretudo para diminuição dos impactos ambientais,
considerados catastróficos e irreversíveis.
O Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM) informou que o
protesto ocorre de forma tranquila, mas que, por medidas de segurança, todas as
atividades do sítio Pimental foram suspensas durante este final de semana.
Através da assessoria de imprensa, a NE
explicou que até o final da manhã de hoje um grupo de representantes da empresa
se dirigirá até o local de ocupação para receber dos indígenas as suas
reivindicações formalmente, coisa que ainda não havia acontecido. Agora à noite, a Justiça negou o pedido de desocupação da
área, como a NE havia pedido.
Esta não é a primeira vez que comunidades indígenas ocupam
os canteiros. No último dia 15, com apoio de movimentos sociais, estudantes e
populares, os manifestantes invadiram outra ensecadeira e, utilizando
picaretas, abriram sulcos para que o rio pudesse correr através da barragem de
terra.
No sábado (16), os índios chegaram a invadir um dos
escritórios do consórcio construtor. Durante esta ocupação, eles destruiram
computadores, mobília e documentos. O caso foi registrado na polícia e está
sendo apurado pela delegacia de Altamira.
A Usina Hidrelétrica de Belo Monte está sendo construída no
rio Xingu, em Altamira, no sudoeste do Pará, com um custo previsto de R$ 19
bilhões. O projeto tem grande oposição de ambientalistas, que consideram que os
impactos para o meio ambiente e para as comunidades tradicionais da região,
como indígenas e ribeirinhos, serão irreversíveis. A obra também enfrenta
críticas do Ministério Público Federal do Pará, que alega que as compensações
ofertadas para as
vítimas os
afetados pela obra não estão sendo feitas de forma devida, o que pode gerar um
problema social de grandes proporções na região.
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