domingo, 27 de janeiro de 2013

Rogamos por ti, Santa Maria.

Uma dor daquelas indescritíveis e inevitáveis. Pouco se sabe e pouco que se diga explicará ou minimizará o que se sente, o que se sente e o que se viveu naquele instante de horror. Pessoas feridas, vidas perdidas, famílias apunhaladas, sonhos desperdiçados, corações transpassados por um sentimento que vai além da revolta: a impotência.
Tudo que vai deixa um pouco do que valeu a pena. Quando alguém vai embora, a dor é maior para quem fica. São casos estes que deixam lembranças boas dolorosas, embora não deixem de ser boas. Um paradoxo doloroso, que ensina a valorizar o que temos, mas não nos prepara para perder.
Faísca. Incêndio. Tumulto. Gritos. Correria. Susto. Sirenes. Perdas. Notícias. Investigação. Perícias. Depoimentos. Processos. Julgamentos de todos os lados. Talvez seja mesmo desumano pensar em culpados neste momento, mas algo moverá mentes, moverá uma dor, atrás de uma resposta, atrás de uma justiça que pode até mascarar uma compensação, mas nunca um conforto.
“Morri porque jamais o fogo pede desculpas quando passa. Morri porque já fui de algum jeito todos que morreram...”. O belo texto de Fabrício Carpinejar toca fundo ao nos mostrar que eram pessoas iguais a nós, iguais a qualquer um: respiravam, sorriam, amavam, gritavam gol, sonhavam, pensavam, já devem ter se revoltado com outras tragédias. Eram jovens por dentro e por fora, eram felizes, esperavam alguma coisa de um sábado à noite, só queriam se divertir e as paredes impediram. Dizer que tudo vai passar não significa que será realmente TUDO.
242 perdas. Incontáveis corações machucados, chorosos e aquecidos por sentimentos que nos destacam e, ao mesmo tempo, nos paralisam. Equívocos não serão reparados com mais equívocos e precipitações. Por agora, só resta orar, só resta pensar, seguir em frente e olhar ao redor. O que dá para mudar? O que faremos para não repetir mesmos erros? Como olhar para frente? Como superar? Como não perder o brilho de um olhar? Para onde correr? Com quem contar?
Fica um sentimento que nunca senti, não posso entender, mas posso imaginar. Fica o meu amor e meu respeito, a cada gaúcho. Fica o pesar. Fica condolência. Fica a dor. Ficam lembranças. Fica a esperança! Hoje, um nome sagrado ficou com uma marca enegrecida. Mas, ainda é abençoada. Estamos juntos, Santa Maria!

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