Certas palavras são tão indescritíveis que são capazes de adquirir
poder autoexplicativo, mesmo diante do silêncio. Em meio ao caos, me vejo em
muitos rumos. Sempre fui apaixonado, nem sempre apaixonante. Fugindo de ser
amante, preferi também não ser amável, mesmo buscando ser amado.
O que há dentro de mim segue guardado, decorado e venerado com
carinho, há certas coisas que ninguém pode tirar de nós. Não cabe a mim varrer
para baixo do tapete porque minha catedral segue um pouco suja, disposta a
acolher algum sapato andante, com suas lamas, com sua poeira, com seu cheiro de
pé macio para alimentar meus hábitos podólatras.
A estrada é longa, meus pés já cansam, porém há uma força que
impulsiona meus ânimos, reacende minhas fomes e quase sempre me faz esboçar um
sorriso, ainda que nadando contra a correnteza; algo que vai além da intuição,
que obstrui as inconstâncias e é benevolente com as mágoas. Talvez seja
solidão, talvez seja sede, talvez seja o medo, talvez seja capricho, talvez
pressa ou apenas fome; ou fomes, aquelas fomes... O máximo de amor próprio onde
tenho alcançado é a auto-defesa – um bom caminho andado, apesar de tudo.
Vale a pena arriscar o próprio pescoço, saciar a pele e engolir o nó
da garganta. Enquanto houver este impulso, o cálice transbordará e andarei em
linha reta, sem olhar para os lados, no mesmo foco, nas mesmas metas e dobrarei
a meta (sorry, Dilma!). Há um sorriso
me aguardando mais à frente. Nessa estrada estou, pensando ainda se vou!
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