Tentaram calar uma voz. Buscaram oprimir um coração que
clamava de amor pelo próprio ofício. Um ato cidadão foi repudiado. Fecharam os
olhos para uma gritante realidade.
Nem vale a pena gastar palavras para definir a grave
situação da educação brasileira. A má administração dos recursos, somada às
políticas imediatistas e ineficientes dos últimos anos, deu origem a um sistema
falho, nefasto e de graves consequências. Até aqui nenhuma novidade!
Mas, esperança existe? O profissionalismo e a pressão
popular podem surtir efeito? Até onde alguém pode está disposto a ‘vestir essa
camisa’ e o quanto está disposto a perder?
O caso de uma professora da rede municipal de ensino de Imperatriz
(MA) teve direito a um final, aparentemente feliz: Após ter divulgado na
internet imagens da sala de aula, na qual os alunos usavam guarda-chuva
enquanto faziam prova, para enfrentar as goteiras, Uiliene Santa Rosa recebeu a
notícia de que não fazia mais parte do quadro docente, por “não se enquadrar na
postura da escola”; porém a prefeitura da cidade anunciou ontem que revogaria a
decisão, por considerar que houve precipitação por parte da Secretaria de
Educação e readmitiu a professora de 24 anos.
Logicamente, com a repercussão tomada pelo caso, seria mais
fácil (e digno) revogar a decisão, identificar a raiz mais profunda do problema
e evitar um escândalo maior.
A professora defende-se afirmando que postou as imagens por não
concordar com a “situação degradante” vivida por uma turma do 7º ano. Outras
salas também teriam goteiras, rachaduras na parede e instalações precárias. A
escola Guilherme Dourado funciona em um prédio alugado pela administração
municipal. Mas, de acordo com a prefeitura, o problema das goteiras havia sido
solucionado antes mesmo da demissão de Uiliene (Então tá, né?)
Mesmo retomando seu posto na escola, a professora diz que
vai cobrar na Justiça indenização por danos morais. “Eu me senti muito mal. A
revogação [da demissão] é a prova de que eles haviam abusado do poder”. Vale
lembrar que a professora leciona desde o início do ano e tem um contrato
temporário, até o final de 2012.
Ainda que possamos defender as hierarquias e os
procedimentos burocráticos corretos, é inevitável não solidarizar-se com a
indignação e apoiar atitude da professora. A publicação das fotos gerou
polêmica não só por serem chocantes ou por causarem atritos na instituição,
mas, principalmente, por mexer com poder, mexer com o ego de quem tão pouco faz
para mudar realidades.
Vivemos em uma democracia, sim, mas somos governados por um
comodismo cruel e manipulador que, aos poucos, nos dá a sensação de
pseudo-cidadania e pseudoativismo, quando apenas xingamos ou, simplesmente,
ignoramos a política e a fiscalização de nossos direitos.
“Acredito na liberdade de expressão e em formar alunos com
uma visão crítica, que não se conformem com as coisas do jeito que elas estão”.
Na certa, as palavras de Uiliene Araújo Santa Rosa marcam e grudam na nossa
consciência, para levar a questões que nem sempre há coragem de debater às
claras... Até quando viveremos de migalhas? A professora já nos deu essa importante lição.
Um comentário:
Muito bom!
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